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Como muitos fãs de cinema e animação, eu tenho meus personagens favoritos. Mas, curiosamente, um dos meus personagens preferidos era um vilão: o Gru, de Meu Malvado Favorito. Talvez seja porque ele conseguia ser engraçado, carismático e até mesmo mostrar um lado mais gentil e amoroso, especialmente com as adoráveis menininhas que ele adotou. O Gru era um personagem complexo e isso me fez gostar ainda mais dele.

Mas, infelizmente, como muitos já devem saber, recentemente o ator que dublava o personagem em português faleceu, deixando a todos nós fãs em choque e tristeza. A notícia foi um golpe duro, pois além de perdermos um grande dublador, também perdemos a chance de vermos mais do nosso querido vilão nas telonas.

A morte do dublador do Gru me fez refletir sobre o nosso relacionamento com personagens fictícios. Por que nos apegamos tanto a eles? Por que nos sentimos tristes quando eles morrem ou acabam suas histórias? E, nesse caso em particular, por que nos importamos tanto com um personagem que, em última análise, é um vilão?

Acredito que o sucesso de personagens como o Gru vem exatamente de sua complexidade. Os personagens bidimensionais, sem camadas ou nuances, tendem a ser chatos e desinteressantes. Já os personagens com várias facetas, que mostram fraquezas e inconsistências, são muito mais interessantes e humanos. E, como seres humanos, somos naturalmente atraídos pela complexidade.

Mas isso também explica por que nos sentimos tão tristes quando esses personagens morrem ou deixam de existir. Quando vemos um personagem se desenvolver, enfrentar desafios, aprender coisas novas, nós estamos investindo tempo e emoção neles. Nós criamos uma conexão com essa pessoa fictícia e, como resultado, nos tornamos emocionalmente apegados a ela.

Essa conexão emocional com personagens também pode ser vista como um teste de nossa capacidade de empatia. Afinal, se somos capazes de sentir simpatia por um vilão como o Gru, isso significa que podemos nos colocar no lugar dos outros, mesmo quando seus comportamentos não são dos mais corretos. A empatia não é apenas nos colocarmos no lugar dos outros quando eles estão sofrendo; também é capaz de entender seus erros, seus defeitos e suas falhas. É reconhecer que, no final do dia, todos nós somos imperfeitos, e que isso não nos torna menos dignos de amor e respeito.

Mas, ao mesmo tempo, é importante lembrar que esses personagens não são reais. Eles não existem fora da tela, e, apesar de sua complexidade e humanidade, ainda são personagens fictícios. Como tal, é importante praticar o desapego e lembrar-nos de que, no final do dia, esses personagens não são a base de nossa existência. Por mais que admiremos e respeitemos eles, nós ainda precisamos viver nossas próprias vidas e enfrentar nossos próprios desafios.

Esse desapego também pode ser uma oportunidade para descobrir novos personagens e histórias. Mesmo que o Gru tenha sido um personagem querido, há muitos outros personagens por aí que também merecem atenção e amor. Ao nos permitirmos abrir para novas histórias, podemos até descobrir novas facetas de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.

Em resumo, a morte do dublador do Gru nos fez refletir muito sobre a nossa relação com personagens fictícios e sobre a empatia que podemos sentir, mesmo por aqueles que não são necessariamente bons. E, mais importante, nos fez lembrar da importância do desapego e da capacidade de seguir em frente quando histórias ou personagens acabam. Nós podemos amar e admirar personagens como o Gru, mas isso não pode nos impedir de continuar vivendo nossas próprias vidas e buscando nossas próprias histórias.